Planejamento Estratégico
Para iniciarmos o estudo da teoria do planejamento estratégico, devemos entender, antes de mais nada, o conceito de estratégia.
Um trabalho pioneiro liderado por Kenneth R. Andrews e C. Roland Christensen[1] no início dos anos 60 serviu como pano de fundo para muitas das idéias modernas de estratégia. Neste trabalho, eles viram estratégia como a idéia unificadora que ligava as áreas funcionais de uma empresa e relacionava suas atividades com o ambiente externo. Nesta abordagem, a formulação de uma estratégia envolvia a justaposição dos pontos fortes e fracos da empresa e das oportunidades e ameaças apresentadas pelo ambiente.
Em uma época em que o pensamento gerencial estava orientado para funções individuais como marketing, produção e finanças, Andrews e Christensen identificaram uma necessidade urgente de uma forma holística de se pensar a empresa e articularam o conceito de estratégia como um meio de chegar a isso.
Michael E. Porter[2] define estratégia como a formulação da posição da empresa, o processo de conciliações e a construção do encadeamento das atividades.
Apesar de existirem diversas definições sobre o significado da palavra estratégia, podemos entender estratégia como um plano de ações que uma empresa ou indivíduo deve tomar para atingir seu objetivo, seja ele qual for. No campo empresarial, encontramos os objetivos múltiplos de lucro e contribuição para o melhoramento econômico e social do ambiente externo à empresa. De maneira semelhante, as atividades não-empresariais possuem objetivos relativamente precisos, tais como o cumprimento de determinada missão, ou a obtenção de certo resultado.
É nos momentos de grandes mudanças e incertezas, como as que vivemos hoje, que o planejamento se torna ainda mais relevante. As demandas por uma organização mais eficiente, mais flexível, mais ágil e mais efetiva nas suas ações não podem ser respondidas com a improvisação, e transformam o planejamento e a gestão em ferramentas básicas.
Evolução do Planejamento Estratégico
Apesar de estratégias serem empregadas desde a antigüidade, principalmente na área militar, somente no século XX é que ela ganhou destaque, e, mais ainda, somente na segunda metade do século vinte é que ela realmente entrou para o vocabulário das escolas de administração.
Atualmente, muitas das ferramentas e técnicas primitivas de planejamento estratégico foram substituídas por abordagens mais sofisticadas, mais apropriadas e mais fáceis de serem colocadas em prática. O planejamento estratégico evoluiu de uma arte praticada por especialistas para tornar-se parte integrante e normalmente aceita do trabalho de todos os gerentes.
Observou-se que, ao mesmo tempo em que as equipes especializadas de planejamento diminuíam, sua importância relativa nas empresas crescia. Estratégia deixou de ser utilizada apenas para o gerenciamento geral da firma, mas também passou a ser empregada nas diferentes áreas da empresa, chamadas de áreas funcionais, como marketing, finanças e operações.
A velocidade com que os planos são transformados em ações passou a ser um fator decisivo para a sobrevivência das empresas. Com as transformações e o aumento da competição advindos do fenômeno chamado “Globalização”, a definição de estratégias bem fundamentadas deixou de ser supérfluo, tornando-se uma necessidade.
Escolas do Planejamento Estratégico
O planejamento estratégico é um fenômeno bastante abrangente e complexo, que pode ser abordado de várias direções e maneiras diferentes. Como era de se imaginar, já que a própria palavra estratégia possui diversas definições, surgiram também diversas escolas de pensamento estratégico. Alguns autores definem três diferentes modos de se fazer um planejamento estratégico: estratégia como um processo gerencial, estratégia como um jogo competitivo e estratégia como liderança estratégica.
Já Mintzberg[3] divide as maneiras de se criar uma estratégia mais ainda, e identifica 10 escolas de estratégia:
– Concepção
– Planejamento
– Posicionamento
– Empreendedora
– Cognitiva
– Aprendizado
– Poder
– Cultural
– Ambiental
– Configuração
Nesta classificação de Mintzberg, uma das escolas mais adotadas é a escola do planejamento, onde a formulação da estratégia segue um processo formal. Ainda nesta classificação, a escola adotada por Porter é a do posicionamento, ou, na classificação de Näsi, a escola do jogo competitivo.
Independente da escola, o importante é adotar um método que permita analisar as competências e fraquezas da organização sob a luz do ambiente externo, que está em constante evolução, e traçar planos e metas factíveis para cada um dos cenários estudados, preparando a empresa para as incertezas do futuro e aumentando as chances de sucesso.
[1] ANDREWS, Kenneth R. The Concept of Corporate Strategy, 3.ed. Homewood, IL: Dow Jones Irwin, 1978.
[2] PORTER, Michael E. “What is Strategy?”, Harvard Business Review, nov-dez/1996, p. 62.
[3] MINTZBERG, Henry, AHLSTRAND, Bruce e LAMPEL Joseph. Safári de Estratégia: Bookman