Pergunte sempre por que

Pergunte sempre POR QUE!!!

Durante nossos trabalhos, volta e meia nós nos deparamos com empresas que já possuíam alguma iniciativa CMMI ou que já haviam sido avaliadas (com sucesso) anteriormente e que nos chamam para dar continuidade ao trabalho.

Na análise dos seus processos ou ainda em conversas com os usuários, gerentes e líderes, nós encontramos alguns problemas relativamente comuns – processos, tarefas e, principalmente, uma quantidade enorme de documentos que as pessoas da organização criam, mas que não são utilizados para nada (útil).

Mais grave ainda, não é apenas o caso das pessoas que executam a tarefa desconhecerem seu propósito (o que já é crítico), mas ninguém aproveita esse material. Quando questionamos tais pessoas da razão da existência desses documentos (ou processos ou tarefas), muitas das vezes a resposta que recebemos é:
– “Ah, fizemos isso porque o CMMI manda”
– “Tem que fazer porque é obrigatório no CMMI”
– “Só seguimos orientação do consultor que cuidou do nosso processo”
– “Se não fizéssemos isso, não passaríamos na avaliação, mas é só para Inglês Ver – ninguém usa”.

Apesar da gravidade destas situações e da freqüência com que tais absurdos ocorrem e que nos deixam perplexos, a resposta para esses casos é simples e direta. Perguntem por que quando forem alterar algum processo!! Por que eu devo ter um processo de decisão formal (DAR)? Qual é a vantagem deste processo? Por que ele existe?

Prestar consultoria em melhoria de processo vai muito além de alguém decorar um livro ou modelo, de ser capaz de recitar de cor e salteado páginas, versículos, áreas de processo, práticas e sim entender, com uma visão sistêmica e abrangente, o motivo dos requisitos e objetivos do modelo e a interdependência entre as práticas nele descritas. Mais ainda, ser capaz de aplicar uma teoria que é descrita genericamente e transformá-la em algo prático e útil.

Qualquer consultor que se preze deveria ser capaz de explicar o que as áreas de processo estão pedindo, qual o benefício que a empresa pode obter com isso (por que eu tenho que fazer isso) e analisar como implementar as práticas lá descritas de uma maneira que traga o maior benefício para a organização.

Se o modelo do CMMI foi criado para orientar as empresas a melhorarem seus processos, não faz sentido algum que os novos processos sejam burocráticos, ou que existam apenas e exclusivamente para satisfazer uma prática do modelo.

Se vocês não enxergarem valor algum em uma determinada prática, vocês NÃO devem implementá-la só porque alguém mandou. Ao menos vocês não estão jogando dinheiro fora. Vejam os princípios do pensamento enxuto – se a atividade não agrega valor, é desperdício.

Tendo dito isto, acreditem – as práticas descritas no CMMI agregam valor sim, mas tudo depende de como elas são implementadas.

Para ilustrar este pensamento, imaginem que vocês vão construir a casa dos seus sonhos e passaram anos a fio elaborando o melhor projeto do mundo. De nada adiantará se vocês contratarem um mestre-de-obras que não saiba ler as plantas corretamente, o resultado não será aquilo que vocês esperavam. A casa pode até ser razoável, mas poderia ser bem melhor. A implementação errada pode arruinar o melhor dos planos (e implementar bem um plano ruim também é igualmente danoso).

E não vai adiantar dizer para seus vizinhos que você tem uma casa que foi projetada pelo melhor arquiteto do país se, na hora de construir, o empreiteiro não soube interpretar as plantas da obra. Você pode até ter a planta num quadro na parede para mostrar para as pessoas, mas quando elas entrarem na casa de vocês é que elas vão perceber que a casa não era tudo isto (e ainda podem ter uma visão errada do arquiteto).

A mesma coisa se aplica ao CMMI. Fica aqui esta reflexão: investiguem, perguntem e sempre questionem. Se ninguém for capaz de te dar uma explicação convincente, está na hora de você repensar seus consultores…

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