O que é o Seis Sigma (Six Sigma)
Para se entender o programa de qualidade Seis Sigma, primeiro deve-se entender o conceito de sigma. Sigma é uma letra grega que, estatisticamente, significa o desvio padrão de uma amostra. Ou seja, sigma é uma medida da quantidade de variabilidade que existe quando se mede alguma coisa. No caso de um produto, sempre existem muitas características importantes ou críticas para a qualidade. Normalmente coletam-se dados e mede-se o sigma de algumas destas características. Se o valor do sigma é alto, significa que há muita variabilidade no produto. Se o valor do sigma é baixo, significa que o produto tem pouca variabilidade e, por conseguinte, é muito uniforme. Logo, quanto menor o valor do sigma, melhor a característica, produto ou processo (PEREZ-WILSON, 1999).
Histórico
Na quinta-feira, dia 15 de janeiro de 1987, o diretor executivo da Motorola Inc., Bob Galvin, lançou um programa de qualidade em longo prazo chamado “Programa de Qualidade Seis Sigma”. O objetivo do programa era melhorar os serviços de entrega, acabamento dos pedidos, precisão nos registros de cada transação, etc., pois Galvin verificou com seus clientes que, se a Motorola oferecesse melhores serviços, com ênfase na Qualidade Total, a empresa poderia esperar um crescimento de 5 a 20% nos negócios com eles no futuro.
Os engenheiros da Motorola constataram que os níveis de qualidade utilizados na época, que mediam os defeitos em peças por mil, não proviam uma escala suficiente. Almejava-se analisar os defeitos em peças por milhão. Criou-se, então, um programa corporativo que estabelecia ± 6 sigma como o nível de capacidade exigido para se aproximar do padrão de zero defeito, o “Programa Seis Sigma”, cujo nome foi dado por um engenheiro da Motorola chamado Bill Smith.
O propósito deste programa era aumentar a satisfação do cliente, o que internamente na Motorola era chamado de “Satisfação Total do Cliente”, reduzindo ou eliminando defeitos nos produtos. Isto deveria ser obtido através da melhoria contínua do processo a partir de um ponto principal no sistema. Isto significava que os produtos deveriam ser projetados para serem Seis Sigma. Os resultados de tais esforços de projetos seriam uma variabilidade reduzida, melhoria da qualidade, maior produtividade e mais facilidade e eficiência na operação do processo e na confecção do produto, o que só poderia ser obtido através da caracterização, otimização e controle do processo total, e não apenas suas partes, incluindo-se os processos administrativos, de serviços e de transações, para garantir a satisfação total do cliente.
O que é o programa Seis Sigma
Como mencionado anteriormente, o Seis Sigma é um programa que estabelece a variabilidade máxima de uma característica de um produto como ± 6 sigma (desvios padrão) dentro dos limites de controle. Porém, o programa corresponde a muito mais do que uma medida estatística. Perez-Wilson afirma que ele significa muitas coisas e é usado de diferentes maneiras:
Seis Sigma – o Benchmark. O Seis Sigma é usado como um parâmetro para comparar o nível de qualidade de processos, operações, produtos, características, equipamentos, máquinas, divisões e departamentos, entre outros.
Seis Sigma – a Meta. O Seis Sigma também é uma meta de qualidade. A meta dos Seis Sigma é chegar muito próximo de zero defeito, erros ou falha. Mas não é necessariamente zero, é, na verdade, 0,002 partes por milhão de unidades defeituosas, 0,002 defeitos por milhão, 0,002 falhas por milhão, 0,002 ppm, ou, para fins práticos, zero. Não é 3,4 partes por milhão de unidades defeituosas, como é erroneamente citado por alguns.
Seis Sigma – a Medida. O Seis Sigma é uma medida para determinado nível de qualidade. Quando o número de sigmas é baixo, tal como em processos dois sigma, implicando mais ou menos 2 sigma (± 2 desvios padrão) dentro das especificações, o nível de qualidade não é tão alto. O número de não-conformidades ou unidades defeituosas em tal processo pode ser muito alto. Se compararmos com um processo 4 sigma (± 4 desvios padrão), onde podemos ter mais ou menos quatro sigmas dentro das especificações, aqui teremos um nível de qualidade significativamente melhor. Então, quanto maior o número de sigmas dentro das especificações, melhor o nível de qualidade.
Seis Sigma – a Filosofia. O Seis Sigma é uma Filosofia de melhoria perpétua do processo (máquina, mão-de-obra, método, metrologia, materiais, ambiente) e redução de sua variabilidade na busca interminável de zero defeito.
Seis Sigma – a Estatística. O Seis Sigma é uma estatística calculada para cada característica crítica à qualidade para avaliar a performance em relação à especificação ou à tolerância.
Seis Sigma – a Estratégia. O Seis Sigma é uma estratégia baseada na inter-relação que existe entre o projeto de um produto, sua fabricação, sua qualidade final e sua confiabilidade, ciclo de controle, inventários, reparos no produto, sucata e defeitos, assim como falhas em tudo o que é feito no processo de entrega de um produto a um cliente e o grau de influência que eles possam ter sobre a satisfação do mesmo.
Seis Sigma – o Valor. O Seis Sigma é um valor composto, derivado da multiplicação de 12 vezes um dado valor de sigma, assumindo 6 vezes o valor do sigma dentro dos limites de controle para a esquerda da média e 6 vezes o valor do sigma dentro dos limites de controle para a direita da média em uma distribuição Normal. A não compreensão das implicações disto é a base de muitos mal-entendidos em torno do Seis Sigma.
Seis Sigma – a Visão. O Seis Sigma é uma visão de levar uma organização a ser a melhor do ramo. É uma viagem intrépida em busca da redução da variação, defeitos, erros e falhas. É estender a qualidade para além das expectativas do cliente. Oferecendo mais, os consumidores querem comprar mais, em oposição a ter vendedores bajulando-os na tentativa de convencê-los a comprar.
Metodologias Seis Sigma para resolução de Problemas.
O programa Seis Sigma possui duas metodologias para solução de problemas. Ambas servem para obter níveis de defeito abaixo de 3,4 peças por milhão, fazem uso extensivo de dados e fatos (no Seis Sigma, a intuição e o “achismo” são abolidos) e servem para atingir as metas financeiras da organização. No entanto, há algumas diferenças. Ambas as metodologias serão descritas a seguir:
DMAIC – é um processo para melhoria contínua. É sistemático, científico e baseado em fatos. Trata-se de um ciclo contínuo que busca a eliminação de etapas não produtivas. Freqüentemente, se foca em novas medições e utiliza nova tecnologia para as melhorias. Deve ser usado quando um processo não está atendendo às necessidades dos clientes ou cujo desempenho esteja abaixo do esperado. É conhecido como o principal método do programa Seis Sigma.
DMAIC
|
Define (Definir)
|
Deve-se selecionar o projeto, identificar qual é o problema, definir os requisitos (necessidades) críticos dos clientes (tanto internos e externos) e estabelecer uma meta de melhoria.
|
Measure (Medir)
|
Medir o processo para verificar o desempenho. A medição é utilizada para validar o problema, aprimorar os objetivos, e estabelecer parâmetros para monitorar os resultados.
|
Analyze (Analisar)
|
Analisar o processo e determinar a(s) causa(s) raiz dos problemas e oportunidades de melhoria.
|
Improve (Melhorar)
|
Melhore o processo desenvolvendo um plano de ação para eliminar e prevenir os defeitos / problemas, com base nas causas raiz identificadas na etapa anterior.
|
Control (Controlar)
|
Monitorar e controlar o desempenho das melhorias elaboradas na etapa anterior para mantê-las de acordo com o plano de ação
|
No Seis Sigma, os projetos de melhoria são conduzidos por especialistas que obtém títulos (classificações) de “green belt”, “black belt”, “master black belt” e “champion”, dependendo do nível de proficiência nas técnicas e práticas do seis sigma. A responsabilidade no programa de Seis Sigma também segue esta hierarquia, onde os “champion” são mentores de equipe que fornecem o direcionamento estratégico ao programa e os “green belt” são funcionários treinados, mas que não dedicam seu esforço em tempo integral às atividades de melhoria e, portanto, geralmente conduzem projetos menores.
Apesar dos grandes benefícios obtidos com o programa de Seis Sigma, Joos (2004) ressalta que, às vezes, a metodologia de Seis Sigma pode ser difícil de implementar no setor de serviços, assim como em organizações pequenas e, além disso, sua implantação pode ser cara e as economias obtidas poderão ser menores que os custos de alcançar as melhorias. Segundo o autor, “a maior crítica mencionada pelos usuários de Six [seis] Sigma é que deposita a responsabilidade da qualidade nas mãos de poucos (tipicamente, menos de 1% da população da organização)”.